terça-feira, 15 de dezembro de 2009

New York, New York - Parte 2 - A prova!

A largada é uma coisa muito bem organizada. São 3 pontos de largadas e 3 horários (9:40, 10:00 e 10:20). Entrei no “curral” da largada, nada de empurra-empurra, todo mundo se ajeitando e esperando o início. Encontrei o Andre que treina comigo.


Tivemos aquele último papo e fomos interrompidos por um grande estrondo! BUMMMM! Era um tiro de canhão! Logo na sequência ouvimos o Frank!

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Enquanto ”caminhávamos até o ponto ZERO da largada, o que se via era uma chuva de casacos sendo arremessadas para as laterais. Todo mundo tirando e jogando. Era muito casaco! Muitos moletons, cobertores, muita roupa mesmo.

Eu fui firme e forte com meu cobertor da American. Estava com frio! Muito frio!

Passamos pelo pórtico. Apito do chip. Start no relógio e ai era a hora de ver o resultado de todo treino. Agora realmente não tinha mais o que fazer. O relógio já estava startado!

Subi a Verrazano Bridge. Esse ponte tem 2 andares. A minha largada ia pela contra-mão da ponte. Outra largada ia no lado certo e a última ia por baixo.

Muita gente, mas não estava apertado, dava para ir num ritmo bom sem atropelar e nem ser atropelado. Fui conversando com o André enquanto subia essa montanha! Dizem que tem uns 80 metros de altura (é mais alta que a Rio-Niteroi). Mas a subida não pega muito, acho que com a adrenalina da largada essa subida parecia uma decida.

Saindo da ponte me despedi do Andre e apertei o passo. Ai já virava uns 5:20/km. E foi ai o 1o contato com o público. Numa pequena curvinha já apareceu uma familia de Chineses! Gritando e aplaudindo muito. Ah sim, tocando o famoso sino que ecoou a prova inteira. Fizemos um zigue-zague no meio de umas casas e pequenos prédios até cair na 4th Av. Ai sim os espectadores se multiplicaram. Os sinos aumentaram e a prova começou a ganhar um tamanho diferente. Milha 3 e o 1o posto de água. Isso foi muito organizado, a cada milha (1,6km – o que dava em media 8:30 a 9 minutos) tinha água e Gatorade. Longas bancadas, sem fila, sem empurra-empurra, uma organização impecável.

Essa água toda deu uma vontade de ir ao banheiro. Pô, mas tinha ido duas vezes antes da largada e já quero novamente? Não é justo parar uns 20 segundos agora para um rápido xixi, dá pra segurar, não é urgente assim!

Finalmente estava aquecido e as primeiras gotas de suor apareceram no 6km. Estava na hora de tirar meu cobertor companheiro. Me sentia o Lino do Charlie Brown com aquele cobertor. Estávamos muito apegados! Ele estava sentindo o que eu esperava pela frente. Toda minha angústia, dúvida, ansiedade, meus pensamentos, tudo isso eu dividia com a coberta, e me desfazer dela era necessário porém uma perda difícil. Então procurei o melhor lugar para jogá-lo, queria que ele tivesse um bom futuro. Foi quando vi uma mulher com 2 bull dogs. Pronto, arranquei e joguei para os cachorros. Vi a mulher agradecendo, desejando boa prova, e enquanto virava o pescoço par uma última despedida do cobertor vi um dos cachorros se ajeitando em cima dele. Bom, agora eu sei que ele trocou o suor de um maratonista pela baba de uns bull dogs. Espero que ele esteja bem!

Superada a perda, acelerei um pouco o ritmo para me aquecer um pouco mais rápido. Nessa acelerada a panturrilha do lado esquerdo (não a que tinha machucado) deu uma pinçada. Passou um filme todo na minha cabeça. Tudo o que eu tive em uma perna acontece agora, no 6k da maratona, só que na outra. Não, isso é muita sacagem! Não acredito em olho gordo, macumba, ”trabalhos” mas isso passou pela minha cabeça nesse instante. Olhei no relógio e descobri o motivo, estava a 4:45/km, voltei ao meu ritmo anterior, passei um pouco de frio, mas a perna sossegou. Ainda bem! Oxalá!

Pra dar uma animada e esquecer a perna, passei cumprimentando os torcedores. Crianças, adultos, bebês, alunos de escolas, tudo quanto é gente, com os braços esticados, tocando o sino, gritando e esperando um “Give me Five”. Acho que bati na mão de uns 3mil na corrida inteira.

Nessa parte juntaram as 3 largadas e a corrida era uma só. Olha lá na frente e vejo um cara de amarelo, com a mesma camiseta da MPR (do grupo de corridas e que eu usava). Era o Filippo. Não esperava encontrá-lo, pois a largada dele era 20 minutos depois da minha. Dei uma acelarada e passei muito rápido por ele. Diminui o ritmo e esperei ele emparelhar. Rimos e ele me disse que fez um “Pedri di Lari” e conseguiu largar 20 minutos antes. Ele estava num ritmo mais devagar que o meu. Nos despedimos e fui embora.

A vontade de ir ao banheiro continuava, mas um pouco menor e eu já estava esquecendo, tava agüentando numa boa. Acho que era psicológico mesmo. Agora a cabeça estava um pouco mais quente e precisava jogar o gorro fora. Tinha combinado de encontrar uns amigos na milha 7 (11km) e resolvi guardar o gorro para a Alana, filha da Hazel. Passando por lá, procurei por eles e quase passei batido. Por sorte o Inaki estava com uma bandeira do Brasil (e ele é espanhol) sai da prova pulando, dei um abraço neles, dei meu gorro para a Alana e fui embora. Esse encontro foi muito legal e energético. Me deu uma força e um ânimo gigantesco para prosseguir na prova. Isso não quer dizer que eu iria parar, mas é como se fosse um turbo, uma descarga de adrenalina!

Depois fiquei sabendo que eles ligaram para minha irmã (que estava no 35k) e que eles foram acompanhando meus passos pelo google earth. Tinha um link que dava minhas passagens a cada milha. Como diz a Hebe “impressionante essa tecnologia, não é uma gracinha?”.

A corrida continuava intensa, um sobe e desce, mas nada de assustar, mas tudo normal. Melhor até que uma prova na 25 de maio. E gente pra tudo que é lado. Cada vez mais apareciam pessoas. Corredores e público brotavam na minha frente.

De repente escuto uma sirene muito alta. Presto atenção e percebo que são várias sirenes. Olho um pouco para trás e me deparo com uns 3 carros dos bombeiros vindo mais rápidos do que nós. Olho para frente um pequeno prédio, de uns 6 andares, com o 2o andar em chamas! Os corredores rapidamente encostaram, os bombeiros pararam e alguns já estavam trabalhando. Pensei na hora e se a casa é de um atleta? A sua? A minha? O que fazer? Vixe, espero que estejam todos bem!

Quando estava na milha 12 (quase 20km) vejo o Adilson na minha frente. Sim o mesmo Adilson que iria jogar pedras em mim no Rio de Janeiro.

Só que dessa vez antes da prova ele falou que iria correr com várias pedras e até um estilingue para me derrubar. Eu particularmente gosto desse tipo de competividade! Esse é o espírito esportivo verdadeiro! Nada de “boa prova, vai bem, com calma” nada disso, isso é como gritar gol pra Argentina. O que vale é “Espero que quebre, vou ganhar de você! Se passar por mim te dou um rapa!”. Queremos que a Argentina perca, tome uma goleada, que caia o técnico, que machuque o Messi e sempre xingamos o Maradonna. Mas no final a gente divide a cerveja e já pensa na próxima.

Bom, nessa altura, quando vi o Adilson na minha frente pensei em 2 coisas. Ou passo por ele dando um “pedala”e aguento as pedras, ou vou quietinho pelo canto, esperando que ele não me veja. É claro que fui pela 1a opção. Ainda lembrava dos 15 segundos do Rio. Enchi a mão na nuca dele. Foi um belo tabefe! Ele conversava com um gaucho que não entendeu nada. Rimos e ele disse “agora desvia das pedras!” rimos mais um pouco e estávamos exatamente na metade. Enconstei para uma água e o gel. Adilson continuou.

Segui no ritmo que estava indo e saindo dos Queens chegamos na Queensbro Bridge. Não parece muita coisa, mas é um dos trechos mais difíceis da prova. É uma ponte alta e longa, mais de 1km subindo e forte. Muita gente andando, encontrei uns brasileiros que tinha conversado logo no começo da prova, um deles estava sem o relógio e queria saber qual era o tempo que tinha feito até ali.

A subida continua. Muita subida e cansativa. Embaixo da ponte tem uns armazens, depósitos, rio, a vista muda bastante, só não muda a inclinação. No final da ponte uma grande descida. Rápida, curta, inclinada terminando com uma rápida volta no quarteirão. Um alívio! Depois disso caimos na 1st avenida. Essa entrada na 1st av. me impressionou muito. Como na ponte não tinha ninguém na calçada e a subida matava muito, eu tinha esquecido do público. Entrando nessa avenida era um “Mar de gente”que não acabava mais. Dava pra ter uma visão geral da avenida, são 3 milhas (uns 5km) com muitos sobe e desce, como se fosse a 25 de maio. Umas 10 pistas de carro e gente pra tudo que é lado. O barulho dos sinos, cornetas , dos aplausos era “ensurdecedoramente” gostoso.

Mais de metade da prova começava a pesar. A vontade de fazer xixi já era, fui indo tranquilo, diminuindo um pouco o ritmo, curtindo as bandas. Aliás, as bandas eram muito boas! Tocou de tudo! Van Hallen, Michael Jackson, Black Eyed Peas, rap estilo Snoop Dog, e claro, a música mais tocada era

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Impressionante quantas vezes essa música foi tocada e como ela animava!

Fui encarando o sobe e desce e ai já estava no 30km. Esse ponto foi o decisivo para a minha corrida. Olhei no relógio e estava com 2:48. Vinha fazendo uma média de 5:35/5:40 por km. Fiz a seguinte conta: falta 1:12 para 4 horas e faltam 12km e alguns metros. Ou seja, se eu fizer 6min cada km, eu faço essa prova para 4 horas. O que significa um tempo excelente, muito além do que eu imaginava. “Muito mais melhor de bom do que qualquer coisa boa”. Vamos Rocky!

Um monte de coisas começou a passar na minha cabeça. Tem um monte de subida no final, tô começando a ficar cansado, sera que minhas pernas aguentam? Tem ainda os malditos 198metros ... e por ai vai. Um monte de razões para diminuir o ritmo e saber que seria mais fácil e confortável ir numa boa. Mas não, minha obsessão pelas 4 horas começou a ficar muito grande. Lembrei que minha família e amigos estavam no 35km, lembrei na Mari que estava torcendo e muito pela TV e que me apoiou e incentivou muito, lembrei dos amigos que também apoiaram nesses treinos e tirei força para seguir.

A cada milha tinha uma marcação e estava indo muito bem, sempre abaixo de 6min/km. O problema era nas hidratações. Perdia um tempo maior para beber água e gel e comecei a parar praticamente em todos os postos.

Mas foquei muito na prova. Nesse momento eu já não olhava para as pessoas ao redor, os torcedores e apenas pensava em chegar no 35km. Fui controlando e nada, nada dele chegar. Realmente estava longe. De repente fiz uma curva. Olhei para o relógio para ver meu tempo desde a última marcação e de repente eu escuto um grito ensurdecedor: “Docaaahhhhh”.



Era minha irmã. Assustei. Mas logo fiquei feliz por encontrá-los. Vi todos muito rápido, fiquei triste por ter quase perdido. Mas esse encontro me deu mais força ainda.

O Cesar me deu uma Coca (sem pinga), perguntou se eu estava bem, e fui embora!

Nesse momento eu tinha 35km com 3:17:45. As contas estavam devagar, realmente não conseguia raciocinar, mas uns 3km depois eu cheguei a seguinte conclusão: fiz 5km em 29:40 ou seja, 20 segundos abaixo dos 6min/km. O tempo começou a apertar e a folga que eu tinha estava no limite. Ainda tinha os 195 metros. Ainda tinha 7km. Ainda restava 42minutos.



Na minha frente agora as pessoas foram trocadas pro Pontos de Interrogações. Será que termino? Será que consigo nesse tempo? Será que vem muita subida? Será que tem um sorvete? Não sei porque pensei em sorvete, ri e apertei o passo.

Dai pra frente acho que não lembro mais de nada. Cai na 5a avenida. Que de descida não tem nada. Uma subidinha muito mala, com o Central Park do lado. Mas coloca mala nisso. Não parava de subir. Muita gente assistindo. Encontrei novamente o brasileiro sem relógio, passei pelo Neno (amigo de antigas corridas) e fui focado e acelerando.

Nesse ponto entrei no Central Park. 24 mihas, 3:39 no relógio. Nesse momento eu fazia entre 9 e 9:10 a milha e faltavam 2.2 milhas. Contas, números, interrogações, vamos que vamos. Acho que dá. Não pensava e acelerava. Lembrei do treino no dia anterior, já que passaria naquelas subidas novamente. Acelerei mais ainda pois sabia que ali perderia muito tempo.

Mas nem lembrei disso. Fui vendo as pessoas, fui rindo, fui curtindo esse final de prova, me animei e quando eu vi já estava passando pela milha 26, era só mais uma subidinha, cruzei a linha e pronto: 3:59:08.

Não acreditava no que via. Nessa altura a perna começou a doer, senti frio, sede, vontade de ir ao banheiro, vontade de chorar, de tomar sorvete, de beber cerveja, vontade de tudo, menos de ficar em pé! Doia tudo! Mas a sensação de ter superado tudo o que tinha passado era maior que qualquer coisa!

Sentindo tudo isso é que me faz pensar em começar tudo de novo e me preparar para a próxima!

Afinal, agora eu posso falar que depois dos 30, meu tempo na maratona até melhorou e já sou um Sub-4!

Araka!


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

New York, New York - Parte 1 - o pré prova

Esse é um dos posts mais complexos que fiz, está difícil. Já tem 1 mês que a prova já se foi e finalmente eu acho que consegui terminar a PARTE 1. Em breve vem o resto...

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Pode perguntar pra qualquer corredor: Qual a maratona dos seus sonhos? Eu posso te dizer que certamente você vai ouvir Nova York como resposta. Os comentários sobre ela são sempre parecidos “é uma prova difícil, muita subida no final, mas a galera te empurra, a prova é animal”.

Bom, como sabemos, cada pessoa tem um parâmetro, o que é fácil pra um é difícil pra outro, e o que significa esse monte de subida? Brigadeiro? Biologia? Reitoria? E a galera, quantos são na rua te empurrando? Mas todos concordam num ponto: é a corrida mais mágica que fizeram.

Na minha lista de maratonas eu sempre inclui Nova York, mas com esses comentários, eu sempre a deixei lá pra frente. Chicago, Berlin, Londres, Alaska, Kilimanjaro e Bagdá sempre apareceram na minha lista bem na frente de NY.

Numa breve retrospectiva, ao estilo Lost, (previously in this Blog) comentei que fiz a maratona de Paris e que, depois de uma surpreendente Meia do Rio fui comemorar os resultados com uns amigos corredores. Depois de horas conversando sobre as “Mais Fantásticas Corridas do Universo” e alguns vários chopps, eu vi que ainda não tinha uma prova-meta para fazer no 2o semestre e eu estava muito empolgado com a corrida.

Pensei em fazer triathlon, mas só de lembrar nos treinos puxados deixei pra lá. Pensei seriamente em alguma maratona, mesmo lembrando da carga de treinos. Tinha 3 boas opções: Berlim, Chicago e Nova York. Como o tempo estava curto (ainda precisava recuperar da maratona e reiniciar os treinos), quanto mais pro fim do ano seria melhor, sendo assim Nova York apareceu como forte candidata. Uma breve conversa com o Cesar e Marcos Paulo, fui alertado do risco que é fazer 2 maratonas em pouco tempo, seriam apenas 7 meses entre uma e outra. Falei com a Kamel Turismo e no feriado do 9 de julho estava tudo acertado.

E foi assim que eu fui parar na prova mais desejada do mundo. De sopetão!

Os treinos foram bons, coloquei muitas subidas durante essa primeira fase. Tempos melhores do que os treinos para Paris. Meus tempos caiam na mesma medida que a elevação do solo subia! Nunca subi tanto a Biologia!

A 2a fase da minha preparação começou numa manhã ensolarada de setembro, onde tudo parecia normal, menos para minha panturrilha, que arriou no 26k. Sofrimento, estaleiro, resguardo. Prevenção. Tudo para evitar uma lesão maior. Mas o Seu Aquiles apareceu junto. Ai foram 40 dias de fisioterapia, alongamentos, deep running e musculação. Dias intensos, quase 3 horas por dia de tratamento e muitas dúvidas sobre minhas condições (nesse caso mais mentais do que físicas).

Parece que funcionou, 4 semanas antes da prova comecei meus primeiros trotes e as corridas se incorporaram com o resto, ai eram quase 4 horas por dia.

A 3a é última fase dos treinos começou assim, e a cada semana aumentava 7k no treino longo. Cheguei a fazer 24k uma semana antes da prova. Agora num ritmo bem mais lento do que o de Paris.

Sem ter muita opção e esperando o fim das dores, embarquei para NY. Chegando lá minha grande dúvida era se a panturrilha e o Aquiles aguentariam e me deixariam terminar a prova.

Nunca tinha estado em NY. A cidade realmente pára para a corrida. Pra tudo que é lado existe alguma menção sobre a corrida. A cidade respira a maratona.

Ônibus da cidade falando da maratona

Fui na feira da maratona pegar meu número, chip e comprar uns souvenirs. Que loucura! A feira da maratona é gigantesca, muitos materiais, camisetas, shorts, porta trecos, tênis, tudo da maratona. Enlouquece qualquer corredor. E os não corredores também.

Número em mãos!


Foto em frente ao circuito (Doca, Filippo e Ricardo)


Chip estilo pulseira (descartável, não precisa tirar depois da prova)

No Sábado de manhã encontrei com o pessoal da MPR na frente do The Plaza Hotel (esse mesmo, o do Macaullin no filme Esqueceram de Mim). Enquanto esperávamos o pessoal chegar, Lance Armstrong (o ciclista e não o astronauta, como muita gente acha) apareceu por lá e desejou uma boa prova para nós.

Foto oficial do treino

De lá partimos para o Central Park dar um leve trote de uns 30 minutos. Não sei se foi uma boa ideia ter corrido ali, pois passamos justamente no 41k da prova e ai deu pra sentir o que nos esperava. Ali realmente era só subida, desculpa, um sobe e desce forte, bem inclinado, não muito longo, mas muito intenso. Se correndo num ritmo de 6:30 e com apenas 5 minutos de trote já cansava, eu não conseguia imaginar como eu passaria ali com uma 4 horas de prova. Para ser sincero, esse trote foi muito desanimador!

Foto pós treino (Adilson de Jeans - será que ele treinou? rs)

Pra piorar, esse dia era o 31/10 ou seja era o Halloween. Com todo o medo e expectativas criadas pela prova, não era nada encorajador encontrar nas ruas milhões de dráculas, vampiros, Jasons, entre outros. Por outro lado ver crianças de superman, fada madrinha, minie descontraiam o clima.

Ainda bem que ninguém teve a ideia de se vestir como o Padre Cornélius (aquele idota irlandês que atacou o Vanderlei nas Olimpíadas).

No hotel uma verdadeira balada de Halloween. A minha noite pré maratona parecia que seria um verdadeiro inferno, palco de um digno Dia das Bruxas. O cenário não era nada convidativo para um corredor. Pessoas fantasiadas e música alta, junto com a ansiedade da prova, ingredientes perfeitos para não dormir mas, não sei como dormi muito bem!

Fui com o Filippo e com o Ricardo no domingo cedo para pegar o busão para a largada! Antes disso, as 5h um café da manhã reforçado no hall do hotel, enquanto comíamos pães com queijos, frutas e sucos, alguns dráculas e diabinhas voltavam das baladas e desejavam boa prova.

Fomos para a 5a avenida e o cenário era assustador. Realmente um Halloween. Parecia aqueles filmes em que estão evacuando as cidades. Catástrofe à vista! Todos andando em fila, uns 100 ônibus estacionados, policia com mega fones, bombeiros, ambulâncias para tudo quanto era lado. Por alguns instantes estava esperando aparecer um monstro destruindo os prédios de Manhatann ou cair um meteoro do meu lado. Pânico geral! Mas o medo de todo mundo era a corrida mesmo. O frio e a leve garoa que caia contribuiram para esse cenário de fim dos tempos.

O busão foi bem rápido, passando pelo mesmo local que passaríamos mais tarde, porém mais devagar e menos tensos.

A espera para a largada é longa. Mais longa que o tempo do voo. Mais longa que as aulas de deep reunning. Mais longa que os treinos longos. Mais longa que qualquer fila de banco em dia chuvoso. Mais longa que a espera do pedágio da Imigrantes em véspera de Ano Novo. Mais longa e chata do que qualquer coisa que você possa imaginar.

6:20 começou a chover, uma leve garoa. Entrei numa tenda, cheia, apertada, gente pra tudo que é lado. Eu e o Filippo ficamos num canto com metade do toldo na nossa cabeça. Filippo deitou e dormiu. Eu lá, sentado, firme e forte, apenas pensando. Sem nada pra ler, só fazendo contas, de quanto equivalem cada milha, cada pace em milha, contas, números, expectativas, repassando o cronograma, tudo.

Agora olho no relógio e já são 6:23. Quando falo que o tempo não passa não é brincadeira não.

As 8:30 o Filippo foi para sua largada. Banheiro (xixi ainda bem!). Comecei a tirar os trajes (calça, moleton) e deixo tudo no guarda volumes. Banheiro de novo (xixi de novo! Graças a Deus!). Agora o tempo voou e já são 9:20 e ainda preciso guardar todos os geis, lenço, tempo de prova, será que faltou alguma coisa? Encontro outros brasileiros, vamos conversando e a tensão só aumenta.


Chego no portão de entrada, tudo mega organizado, procuro minha Wave, meu gate e pronto. Agora já estou com o gorro pink do Dunkin Donuts, cobertor da American Airlines, luva e esperando o tiro de largada!

domingo, 1 de novembro de 2009

Já Foi@

Olá amigos!!!
Estou postando rapidamente apenas para agradecer a força que vocês me deram! FOi um mês muito difícil, treinos e recuperação mas deu tudo certo, ou muito mais do que certo! Acabei de cruzar a linha de chegada da Maratona de NY e com incríveis 3:59:10!

Valeu mesmo pela força!!! Depois conto mais detalhes!

Araka!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Voltando...

Pior do que não treinar é a recuperação. Ô coisa chata! Tô fazendo tudo o que mandaram. Se mandassem eu correr "na praia do Alaska" (Essa Carla Peres é incrível) durante a aurora boreau (tem lá?) comendo berinjela (q eu odeio) eu iria!

Na 1a semana tudo bem, eu tava bem animado, empolgado, achando que ia ser bem rápido e que logo logo estaria correndo novamente. Doce ilusão!

Minha rotina tá muito intensa. Deep, Alongamento, Musculação, Nutricionista, Fisioterapia e por ai vai. E o pior, cada dia doi num lugar diferente. Mas o Sr. Aquiles reclama sempre!

Isso sem falar que nesse meio tempo tem o trabalho. Eu devo fazer umas 2 a 3 horas por dia dessas atividades. 3 semanas depois já voltei a dar uns leves trotes...


Mas a rotina continua assim: Acordo as 5:20 e piscina(45 minutos de deep). Logo depois musculação, um breve café da manhã e trabalho. Depois 1 hora de fisio. Essa é minha rotina nas 2as, 4as e 6as. Nas terças e quintas está um pouco melhor. Acordo as 6hs, voltei a correr, trabalho e no fim do dia musculação + alongamento.Chego em casa umas 22:30hs e no dia seguinte, tudo de novo!

O bom disso tudo é que voltei a correr. No começo num ritmo bem lento, mas com o tempo fui aumentando.

Já fiz 2 longos nessa retomada. 1 de 14km e outro de 21km, pra falar a verdade 21.100m, aproveitei e fiz uma Meia. O ritmo foi bom e o melhor de tudo, nada de dores!

Não tenho ideia do meu tempo na prova, mas hj já posso dizer que terminar é uma realidade, coisa que não pensava há 1 mês atrás!

Valeu a todos pelas manifestações de solidariedade e pela força nesse mês!

Araka!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Aquiles aconteceu comigo

Outro dia estava dirigindo e ouvi um pequeno barulho na roda do carro. Desci e a roda estava inteira. Continuei dirigindo e nada. No decorrer da semana o mesmo barulho, mas nada que incomodasse.

Nesse ano eu corri. Sem dúvida nenhuma posso dizer que é o ano que eu mais corri na vida. Não em provas, mas sim nos treinos. 4 vezes por semana durante 6 meses e 3 vezes nos outros meses. O que posso dizer que certamente eu passei dos 1000km.

No sábado fui para o meu treino longo de 28km e ao estacionar escutei um leve estalo. Mas como estava atrasado nem olhei para o carro e fui treinar.

Já tinha passado a Biologia, encontrei o Enio na contramão, água, gel, outra Biologia, praça do cavalo, e logo depois da reitoria...pimba! Outro estalo! Agora na panturrilha. Como já tinha corrido mais de 26km e faltavam só 2km, fui até o final. A dor até então não era muita. Fiz muito gelo e perdi meu 1o treino do ano. Era um regenerativo e fiquei muito puto da vida por ter perdido esse treino.

Durante a semana o carro puxava um pouco para a esquerda mas nada que atrapalhava a direção. As curvas ficaram mais pesadas, o consumo de gasolina aumentou, mas eu não queria ficar uns dias sem o carro.

Até que um dia enquanto estava dirigindo o pneu furou. Fui no borracheiro e ele colocou um leve remendo que dava para andar mais um pouco.

A dor estava lá e me acompanhou até segunda. Na quinta voltei para os treinos. 50 minutos leve, bem leve. Que maravilha de treino, não senti nada! Mas depois... o tendão resolveu me lembrar que ele existe. E como dói!

Mais gelo e tratamento caseiro até terça. Ai já não doía nada há 2 dias. Fui treinar. Desci do carro e os 2 reclamaram! Tendão e panturrilha sem mesmo ter corrido! 300 metros de trote já foram o suficiente para saber que deveria ir para a oficina.

Lá aproveitei que ia trocar o pneu, e fazer o alinhamento. Aí já viu, o mecânico deu uma olhada geral e pronto, já viu. Precisava balancear, calibrar com nitrogênio (ainda não sei a diferença disso) fazer a cambagem, troca de fluido, raspagem do disco de freio, troca de pastilha e ainda fiquei sabendo que a suspensão estava para estourar.

Comecei a fisio e o famoso e temido Deep Running (é correr dentro da piscina). Até que não são tão ruins, mas nada como o Parque!

Agora estou sem treinar, na oficina, na maca e na piscina, e o pior, a cada semana acham um lugar novo para fazer a cambagem! Dói tudo, mas o pior mesmo está no tendão.

É Seu Aquiles, não é à toa que você tem essa fama!

Araka!

domingo, 20 de setembro de 2009

Saidera

Nos treinos finais para a Maratona de Paris, conversavei com o Cesar, Adilson e Henrique, 3 especialitas que me passaram dicas importantes para a prova. Na verdade eles focaram as dicas no assunto que eles mais conhecem: cachaça. Os 3 falaram:"1 mês antes da prova, corte o alcóol total, não beba nada, nem cerveja, nem vinho, nem nada! só suco! Isso vai fazer muito bem”. Estranho eles falarem isso, mas eles são "os papas" da cachaça e das maratonas.

Bom, fiz isso, foi duro, difícil, ainda mais numa terra onde o vinho é mais barato que suco. No final deu certo, compensou e o esforço foi válido.

Então, agora eu estou nos treinos finais para a Maratona de Nova York. Por acaso hoje faltam 42 dias para a corrida. Coincidência ou não, isso significa que agora só vou beber depois dos 42. Dias ou kilômetros, tanto faz, vai ser difícil de qualquer jeito!

Araka!






quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Batizado

Já falei aqui algumas vezes mas vou falar de novo. Os treinos da maratona são foda! O pior de tudo é que é por nossa própria opção! Nós escolhemos esse sofrimento. Mas existe um treino em especial que é mais complicado. O tal do regenerativo. Mas afinal, o que é isso?

Ele é um treino que deve ser bem leve e no dia seguinte ao treino longo. Ou seja, você correu mais de 2 horas no sábado, bem firme e forte, e como prêmio, no dia seguinte você tem 50 minutos bem leve. Leve, leve não sei pra quem. Esse treino sempre foi um caos, dói tudo! Mas depois de 5 minutos tá tudo bem.

Como quase todo mundo sabe, eu também adoro um buteco. Então com esse ritmo maluco de treino eu quase não saio mais durante a semana. Só treino e descanso (é, descanso também é treino!).

Mas no sábado não tem jeito. Acabo saindo e tomando umas… Com isso vou dormir tarde depois de umas cervejas e, no domingo tem o maldito regeneras. Ai vem outro problema.

Domingo é o dia bom para dormir.
Mas dormir muito significa acordar tarde.
Acordar tarde significa sol forte.
Sol forte significa treino mais cansativo.

E o regeneras, como fica? Com isso fui fazer algumas experiências. Fiz algumas combinações entre dormir e beber. Fui dormir cedo, sem beber e treinei cedo.

Também fui dormir tarde depois de beber bastante. Por incrível que pareça, quanto maior a ressaca e menor o tempo dormido melhor será o regenerativo. Não sei porque. Acho porque sempre no começo tudo doi e nessa ressaca a consciência doi mais ainda, então sei lá, acho que por isso o regeneras fica mais leve.

Agora estou aproveitando o regenerativo para conhecer novos locais. Já fui em bairros mais distantes, no Parque do Povo, enfim, aproveito o descompromisso com distância e ritmo para correr em novos ares.

Outra coisa boa nesse tipo de treino é para testar novas roupas, tênis e asssessórios. Imagina ir mal num longo porque a meia aperta o dedinho do pé, vira uma bolha e uma dor que você fica parado por 1 semana? É, isso acontece mais do que você pode imaginar.

Como eu sou geneticamente desfavorecido na parte capilar, sempre corro com boné. Outro dia ganhei um boné novo do Cesar e aproveitei o regeneras pra testar.

Sai de casa e a chuva veio junto. Fui correndo nos jardins, curtindo a vista, curtindo a chuva. O boné estava bom, pois impedia que a chuva batesse direto nos olhos. Estava quase chegando em casa quando ouvi um ‘Pimba” no boné, fui olhar e vi a mira do desgraçado! Pronto, o boné foi batizado e passou no teste!

Araka!


segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Diga ai você também!

Hoje eu vou protestar. Vou cutucar os homi!

Como vocês já sabem, eu não gostei daquele papo da Globo na maratona de São Paulo, quando o Cleber Machado disse “Ai na frente o pelotão de elite e logo atrás os atletas de fim de semana!”

Esse termo infeliz passa a impressão que qualquer um pode correr uma maratona. Sabe aquele cara que faz um churrasco, tomando várias caipirinhas, depois vai jogar aquela bolinha, cambaleando, tropeçando em todo mundo? Sim, esse mesmo cara, geralmente sem camisa e esbanjando uma bela pança vermelha do sol e com o cofre de fora, para o Cleber Machado, ele pode correr uma maratona.

Ora Cleber Machado, com tudo isso em vista, só falo que atleta de fim de semana é a sua avó!

E agora, inspirado no blog do meu amigo global Zé, onde ele mostra os torcedores do Bahia cantando o hino do time em outros lugares, eu lanço aqui a campanha “Atleta de fim de semana é a sua avó!” onde você vai enviar vídeos mostrando seus treinos durante a semana, Mostre os lugares bonitos onde você costuma dar suas passadas. De dia, de noite, na esteira, no parque, no clube, tanto faz o lugar, apenas mostre que você está correndo e mande seu recado para o Cleber.

Vamos aproveitar a Meia do Rio no domingo e enviar diversos email durante a transmissão para mostrar nosso protesto!

Araka!


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Previsível?

Nesse tempo louco está cada vez mais difícil treinar. De um dia pro outro temos uma variação de 15 graus. Assim fica difícil fazer qualquer previsão.

Nos treinos a previsão também está sempre presente, em 4 variações: o esperado, o inesperado e o surpreendente. Sempre que um dos 3 não acontece, certamente teremos a quarta variação, a decepção.

No Brasileirão desse ano, o São Paulo estava em 15o lugar. Algo decepcionante. Mas de repente o inesperado aconteceu, o time começou a ganhar, foi ganhando posições, não perdia mais jogos até chegar a um surpreendente 2o lugar. Agora o time já se encontra onde é esperado, entre os 4 primeiros. Ou seja, em um mês o time passou pelas 4 variações.

Nessa semana teve o mundial de atletismo que gerou um grande ba-fá-fá. Pra ser sincero nunca tinha visto tantos comentários sobre atletismo. E quase todos sobre ele, o homem do ano, Usain Bolt. Certamente o nome dele foi mais comentado do que o de Phelps nas Olimpiadas, do acidente do Massa, dos shows do Roberto Carlos, do que os escândalos do Sarney, da Lipo do Ronaldo, enfim, em todos os lugares falavam dele. Bem, a lipo do Ronaldo vinha em segundo lugar.

Nos nossos treinos, quando o Cesar fala na pista “3 tiros de 3km”, primeiro o xingamos pra caramba (só pra não perder o costume) e depois pensamos nas seguintes hipóteses – 14:00 é o esperado. 13:45 é o inesperado e 13:30 é surpreendente. Qualquer tempo acima de 14 será decepcionante. Sempre procuraremos desculpas pra qualquer um dos resultados. Dormi mal, comi errado, bebi demais ou, ainda bem que acertei na comida, graças a Deus deu pra dormir cedo e por ai vai.

Quando fui para a Maratona, as minhas expectativas eram as seguintes: O esperado era terminar, o inesperado era para menos de 4:12 (média de 10km/h), o surpreendente abaixo de 4hs e a decepção era se eu paresse. Consegui um inesperado quase surpreendente 4;02. Pra mim foi ótimo, sai feliz da vida e até hoje foi a melhor corrida da minha vida.

Mas o que Bolt fez nessa semana foi mágica. Ele é descontraído, brinca com o mascote leão, aparenta bem relaxado, todo mundo que olha pra ele antes da largada não botá fé que ele vai ganhar.

Mas ai é que pra ele pesa ainda mais as 4 variações. A decepção seria se ele chegasse em 2o. O esperado é que ele vença a prova e o inesperado é que ele bata o record mundial e com tudo isso onde vai parar o surpreendente???

Bom, no caso dele, ele fez tudo isso novamente, só que nos 200m, onde não era favorito.

Araka!

domingo, 9 de agosto de 2009

Qual o andar mesmo?

Subida. Essa com certeza foi uma das piores invenções de Deus. Nunca vimos desenhos do Jardim do Eden com subidas, no paraíso não tem subida!

Eu odeio subida. Agora ainda mais. Meus treinos estão com muitas subidas. Intermináveis subidas. Longas subidas.

Mas ainda bem que para vencer essas malditas o homem inventou um monte de coisas, como teleféricos, escadas rolantes, bondes, escadas e uma que eu considero uma das maiores invenções do universo. O Elevador.

É, ele mesmo, aquela caixa Atlas ou Schindler que você entra para vencer em poucos segundos vários degraus que te derrotariam em muitos minutos. E melhor, sem cansar e nem suar.

Não é à toa que ele é o meio de transporte (é, ele é considerado um meio de transporte) mais utilizado, isso quer dizer que no mundo todo tem mais pessoas apertando o botão do que a buzina.

Outro dia, num desses feriados que tivemos, estava no interior e fui dar um trotezinho. Ali não existia mais de 4 metros plano. Mas foi um treino muito interessante. Começava com uma bela descida, depois os 4 metros planos e mais descida. Ai começou a chuva. Ainda bem! Que chuva! Ai elas apareceram. A primeira não era tão alta, uns 3 minutos e passei. Mais uns 400 metros de descida e outra subidinha leve. Ai acabou a estrada de terra e precisei voltar.

Ai complicou. As descidas viraram subidas.

Verdadeiras montanhas. Todas com variação na inclinação, nos buracos, nas pedras e no que mais puder te atrapalhar. Todas eram diferentes a cada metro. Como os elevadores. Já percebeu que não existem elevadores iguais? Começa pelo botão. Alguns mostram em que andar ele está, se está descendo ou subindo ou simplesmente acendem. Mas não confunda botão com buzina. No trânsito, quando você buzina o motorista da frente acorda e anda, já o elevador não virá mais rápido se você ficar apertando o botão sem parar.

Comecei a encarar a 1a numa boa, mas a 2a, foi difícil. Nisso passou um carro com o som muito alto. Era Ivete. Comecei a cantar junto “Poeira…Poeira, levantou poeira” e logo essa música mudou para “Pirambeeeiraahhh, Pirambeeeeeiraahhh, Lá vem Pi-ram-bei- ra!”. Depois disso as subidas ficaram mais leves.

Portas de correr, automáticas, com sensor, porta de madeira, de ferro, porta armada, enfim, são milhares de tipos de portas e sistemas de aberturas. Tudo sempre acompanhando o estilo arquitetônico da época e do edifício.

As subidas também entraram nos meus longos. No último sábado fui correr 20km na USP e adivinha qual era o percurso? 2 voltas de 10km, ou seja, 2 vezes a maldita Biologia.

Nunca subi essa desgraçada 2 vezes num dia. Estava com medo. Muito medo. Fui correndo com um amigo, que estava um pouco mais forte do que eu gostaria, mas estávamos num bom papo e o ritmo não estava me quebrando. Chegamos na monstra. Puxada na respiração e vamos pra cima. Sobe, sobe, sobe, respira e sobe mais um pouco. Terminada, vem o descidão, que dá pra relaxar um pouco. Na 2a volta eu iria sozinho. Ai tava o perigo. Sabia que não conseguiria os 51:27 da primeira volta. Mas perdendo 2 minutos estaria dentro do programado.

Se quando corremos com alguém pode ajudar o tempo da corrida passar mais rápido, dentro do elevador não sabemos muito o que fazer. Alguns são panorâmicos, dá pra aproveitar a vista durante a subida. Eu nunca vi, mas dizem que uns têm música. Música ruim, porque se fosse boa não existiria a expressão “música de elevador”. Tem também o Elemídia, que nos permite ver entre uma propaganda e outra uma notícia que gera um comentário e burburinho entre os seus passageiros. O espelho é sempre bem utlizado pra ver o visual e se tem um feijãozinho esquecido no dente.

Fui correndo bem e quando cheguei na Biologia lembrei da Ivete. E haja Ivete pra cantar! Nessa subida parecia que tinha uma lata de concreto nas minhas pernas. Ia subindo e xingando aquela 1a volta rápida e o Cesar, pra não perder o costume. Me achava o cara mais burro do mundo em ter saído forte. Foi quando eu olhei no relógio e vi que estava apenas 20 segundos mais lento do que a 1a volta.

Ai o treino mudou. Desci normal, peguei a água e mandei bala. Não olhei pros lados e encarei os últimos 3km com muita vontade. Parecia que descia da cobertura para a garagem sem paradas! Terminei a volta com incríveis 50:56. 15 segundos mais lento que minha melhor corrida de 10km. Essa no plano. E o treino total ficou em 1h42m23s.

A subida dentro de um treino ou corrida nunca passará desapercebida, sempre será a nossa pedra no sapato ou o pum dentro do elevador.

Araka!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Aqui não tem tempo ruim

Ultimamente ela tem aparecido bastante nos treinos. Tem dias que você acorda e ela já está ali marcando presença. Em outros ela está ali enchendo o saco o dia todo. De vez enquando vem inesperadamente já no meio da corrida. Às vezes ela dá toda a pinta de que vai aparecer mas vai embora.

É, a chuva. Aquela água toda que cai do céu, tira a paciência dos motoristas, alaga ruas, destrói construções, e traz muita, muita vontade de ficar em casa embaixo de um cobertor e ver um filme à la Sessão da Tarde.

Sua presença é polêmica. Muitos a odeiam, alguns não ligam, mas poucos, diria até raros são os malucos que gostam dela. Eu sou um desses. Na verdade eu prefiro ela do que aquele sol de rachar na cuca.


Acho que é uma coisa que vem desde pequeno. Quando era criança e começava o toró, eu e o Ciro (que mora no meu prédio) descíamos correndo para jogar bola embaixo de verdadeiras chuvas torrenciais. Esses eram os melhores jogos com direito a peixinhos no jardim da frente.

O ruim é quando vamos começar a correr e já está chovendo. Sair da cama, sair de casa, sair do carro, sair do seco para entrar na chuva. Mas passados 5 minutos, depois de parar de tremer, com a camiseta pesando 5 kg e o tênis “cantando” Tchek Tchek a cada passada, você já acostuma e vai tirando a água que não para de escorrer no rosto.

O que atrapalha na verdade são as meias. Começam a ficar molhadas e ai é que mora o perigo. Bolhas. Ai meu Deus, como essas são malditas! Posso fazer uma comparação. As bolhas vão te incomodar durante a semana da mesma maneira que o famoso “braço de taxista” e a testa vermelha nos atrapalha depois de treinos ensolarados.

A chuva boa é aquela que vem na metade final do treino. Fraquinha, fininha, ela aparece depois de correr mais de 12km, ainda faltando uns 5, ela vem pra dar um refresco. Não chega a fazer poças no chão, a camiseta não pesa, o tênis não canta, só o rosto que molha bem e “limpa” todo o suor, dando uma virada no treino. Ah, e o melhor, ainda temos a desculpa da chuva para fugir do alongamento.

Nesse mês São Pedro resolveu trocar toda a água lá de cima. Não temos mais de 2 dias sem chuvas. Pior, estamos há 2 semanas chovendo praticamente todos os dias. Pros que não gostam da chuva, significa menos treinos, já pra mim… é tô treinando mais!

Araka!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Nossa Prova - parte2

Olá a todos!
Pelo visto a Meia Boca de Buenos Aires vai ser um sucesso! Recebi várias inscrições e a expectativa está grande!

Seguem mais alguns dos inscritos!

Boa Prova pra gente!

Araka!














segunda-feira, 13 de julho de 2009

A Nossa Prova!

Quando vamos fazer nosso plano de metas para o ano, pensamos nas corridas que fizemos e queremos repetir, outras que ouvimos falar bem e as que nunca devemos nem pensar em nos inscrever. Muitas dessas corridas são boas, mas algumas são bem meia boca.

Uma corrida bem meia boca que fiz e, inclusive já comentei num post anterior, foi a Meia de Buenos Aires, em 2007. A fama da prova era ótima: temperatura perfeita – 10 graus, sem subida e grandes perspectivas de fazer um ótimo tempo, além da viagem que é sem comentários.

Mas em 2007 nada disso aconteceu. Fomos para a largada com incríveis 25 graus e a temperatura estava esquentando. Pra piorar, quando eu passei pelo 5km nada de água, apenas uns copinhos no chão. Achando que teria mais pra frente mas nada. Ainda bem que tinha um troquinho no bolso e consegui perder uns 3 minutos para comprar água. Isso lá pros 13km. Depois não vi mais nada. No final, a direção da prova ainda liberou o trânsito, ou seja, carros cruzavam a pista, andavam ao nosso lado, um caos total.

Em 2008 essa prova estava na lista das corridas para não voltar, não indicar e nem querer saber como foi. Não fui, mas me disseram que foi boa, Teve água, estava frio e sem carros.

Com essa nova informação, a prova voltou a me despertar interesse e estava na listinha das possíveis provas para o ano. Mas ai veio a notícia de que ela foi cancelada. Não, não foi por causa da grupe suina, mas sim por um encontro mundial que ocorrerá por lá e a falta de outras datas.

Outro dia estava na USP conversando com a Camila e o Cesar, que foram comigo em 2007 e, eu estava chateado com o cancelamento da prova, mas eles vieram com uma proposta fantástica:”Vamos correr lá mesmo assim! Nada vai ser diferente da que fizemos, não teremos água e o trânsito não estará fechado, se tivermos sorte vai estar frio!”

Adorei a idéia e resolvi evoluí-la um pouco. Já que a prova vai ser nossa, porque não adequar aos nossos gostos?

Vamos começar pelo nome, acredito que o nome mais adquedo seja “Meia Boca de Buenos Aires”

A camiseta seria a que a gente usa sempre, a “Amarelinha da MPR”, mas com uma faixa azul no peito, afinal é a Meia Boca.

A largada também terá modificações, sairemos as 9:30 e no sábado. Assim não tem que acordar tão cedo, curte o sábado e domingo inteiro. A largada também pode ser na frente do hotel mesmo. O mestre de cerimônia tem que ser alguém com a cara da corrida, alguém que a represente tão bem, seja símbolo na Argentina, muito conhecido no Brasil e que seja bem mequetrefe, bem pilantra. Nada melhor que Diego Armando Maradona. Morador de Buenos Aires, ídolo do Boca, “adorado” pelos brasileiros e alguém cuja as palavras passam confiança e credibilidade. Ah, e ele ainda poderá usar suas famosas espingardas para dar a largada.

Algumas ruas e praças serão incluidas na prova assim com algumas paradas nuns Havanas e Cafés, para repor as energias.

Ah, e como essa corrida é nossa (pelo amor de Deus, eu não tenho nada contra as empresas que apoiam as corridas, acho que essas empresas devem ser muito respeitadas e “consumidas” pelos corredores) a gente pode escolher nossos patrocionadores. Eu não gostaria de correr com o “Montevergine” em cima do meu número. Fiz algumas sugestões que seguem abaixo e um convite para vocês mandarem sugestões de números e patrocinadores que vocês gostariam de usar. Podem ser pessoas conhecidas também.

Araka!