quinta-feira, 25 de junho de 2009

E se...

O maldito “issi” infelizmente está sempre presente em nossas vidas. Sempre no lado negativo, se alguma coisa não deu certo, é culpa do ISSI.

Eu sempre penso “estou aqui, desse jeito, porque um conjunto de fatos aconteceram para resultar o agora”. Eu prefiro excluir o ISSI da minha vida, acho besteira perder tempo pensando nas coisas que poderiam ter acontecido se uma coisinha tivesse ocorrido.

Eu tenho uma corrida muito especial e querida na minha vida. A Meia Maratona do Rio. É uma das provas mais bonitas e mais difíceis do Brasil. Ela tem um significado muito importante na minha vida de atleta (não de fim de semana.., isso ainda me incomoda). Mas para mim é uma das únicas vezes que eu infelizmente uso o ISSI na minha vida.

Já tinha feito umas 10 provas de 10km quando resolvi “dar o próximo passo”. Fevereiro de 2003, comecei a treinar com o Marcos Paulo e estava focado na Meia do Rio. Treinos, contusões, canelite, pé torcido, sinusite. Aconteceu de tudo nesses 6 meses, mas fui pra Meia do Rio confiante. Minha expectativa era terminar por volta de 2:20. Larguei forte, fui indo muito bem, crescendo na prova, nem sentia o calor infernal e, lá pro 16k, no começo do “Enterro do Flamengo” – lugar que todo mundo odeia na prova, pois você vê a chegada de um lado e tem que correr mais 5k no lugar mais abafado da prova - estava com 1:30 mais ou menos, encontro com o Cesar (treinador) que fala pra um aluno ao meu lado “Fulano, vai que você está ótimo!” na sequência ele vira “Doca, seu animal! Você está louco??? Diminui essa p***” . Pronto, foram as palavras que faltavam para eu quebrar! Acredito que ele não falou por mau, ele certamente não lembra disso, mas eu lembro! E lá pro 18k eu quebrei e mudei meu ritmo de prova de uns 5:15 pra 7:30. Terminei com incríveis 2:01:52. Apesar do ótimo e inesperado tempo, eu ainda fico pensando “ISSI NÃO FOSSE O MALDITO COMENTÁRIO DO CESAR eu teria feito em menos de 2horas” e mesmo assim animado com meu tempo fiz uma promessa: “Antes dos 30 eu faço uma inteira”. O resultado vocês já conhecem…

No outro ano voltei menos treinado, terminei em 2:06. Sem surpresas, apenas com o ISSI tivesse treinado poderia ter ido melhor.

Já no ano passado, nosso amigo ISSI apareceu novamante. Estava muito bem treinado, preparado, tinha a estratégia da prova na cabeça. 1:55 era um tempo fácil de ser feito.
Fiz a besteira de sair no pelotão VIP de elite, um setor criado pela Globo para colocar seus convidados, atores, cantores e eu. A vantagem é que não pegamos “trânsito” já saimos com pista livre e na frente daquela galera que carrega as faixas e saudações pra família.

Largou. Desejei boa prova pro Tande (ele mesmo, o do vôlei!) e fui embora. Animado com tudo livre na frente fui bem empolgado. Mais do que deveria. Estava a 4:30. Na subida. Fui no embalo e quando vi já estava no 5k com 23 minutos de prova. Realmente ali o Cesar poderia ter gritado! Fiquei consciente da insanidade e diminui o ritmo. Lá pros 14k estava muito dolorido. Pensei em desistir, mas teria que chegar pelo menos até o 16k. Fui trotando leve e vi que dava para terminar a prova. Quando cheguei no 18k (de novo no 18k) vomitei. Muito. Pra caramba. Muitos vieram oferecer ajuda, mas a minah sorte é que a água estava na minha frente e ainda tinha um gel. “ISSI não tivesse um gel extra? Tava ferrado!” Acho que esse foi o único issi bom da prova. Bom, continuei a prova e terminei em incríveis 2:00:32, puto da vida por não ter feito abaixo de 2horas e cheio de ISSIs na cabeça: ISSI não tivesse largado forte? ISSI tivesse andado menos? ISSI tivesse vomitado um pouco menos? ISSI a meia fosse só 21km e não os 21.098. ISSI ISSI ISSI ISSI Mas no final não posso reclamar, foi meu melhor tempo lá no Rio e ainda deixou a brecha pra voltar mais uma vez.

Mas o ISSI tem seu lado bom. ISSI não fosse a Meia do Rio, eu nunca teria entrado na MPR, nunca teria errado feio, nunca teria aprendido com esses erros, nunca teria feito a Maratona e nunca teria escrito esse blog!

Araka!

Obs.: Nesses dias eu soube que esse blog mudou a vida de algumas pessoas que queria comentar aqui! Gabi e a Paty começaram a escrever blogs, bem legais e eu recomendo! O Filippo ao ler o texto da maratona se inscreveu pra maratona da Disney e o Paulo resolveu começar a correr e já quer fazer uma maratona no ano que vem. Agora sim eu posso falar ISSI não fosse esse blog…

terça-feira, 16 de junho de 2009

Eu também vou reclamar!

Os treinos vão indo muito bem, algumas metas traçadas e outros objetivos atingidos porém aquele maldito comentário “Atletas de fim de semana” continua emputessendo minha vida. Vou aproveitar esse post e desabafar tudo o que me deixa puto da vida!
Você corredor, tenho certeza que vai concordar comigo!

Tudo começa quando eu falo pra alguém que eu corro. A coisa mais engraçada é ver a reação das pessoas que nunca correram quando escutam que eu corro. “Você? Correndo?? Até parece!!!” e enquanto isso estão me analisando dos pés até a cabeça. E continuam “Correndo de quem? Correndo pra que? Porque você acorda ao cedo pra fazer isso? Que sem graça”. É verdade, eu corro, não sou magro, tenho aparência cansada e adoro um bar! Mas eu corro e aposto um chopp que chego na sua frente!

Depois sempre vem “mas maratona tipo a São Silvestre? Antes de tudo, nem toda corrida na rua é uma maratona, e existem muitas além da São Silvestre. Maratona é corrida mais nobre e tem SEMPRE 42.195 metros. Prestem atenção, a São Silvestre não é uma maratona! Está longe disso! Tem apenas 15km.

E logo na sequência eles emendam “O irmão do fllho do cunhado do primo do chefe do meu tio tem um amigo que correu a São Silvestre. Ah, ele foi bem, acho que terminou em 3 horas, mas ele era dedicado”. Eu fico indignado com a quantidade de chutes e a distância da relação com tal atleta. Esse sim deve ser de fim de semana. E outra, sempre é um tempo altíssimo, mas esse atleta distante é um corredor de verdade. Eu sou apenas um de fim de semana.

Ai vem “Ganhou? Não? Ficou em que lugar? A quantas horas do queniano?” É claro que nunca vou ganhar, tô nem ai pro tempo do queniano e vou ficar muito feliz se terminar num tempo melhor que o da minha última prova. E você pra perguntar uma asneira dessa eu tenho certeza que nunca foi assistir uma corrida e muito menos sabe o que é o chip!

Ai continuam “E aquele gel, coisa horrorosa, como você toma aquilo, que frecura!” Essa parte eu prefiro não responder. É claro que o Gel não é uma Norteña, mas está longe de ser uma Kaiser. Mas precisamos dele, é nossa energia para poder aguenatar as baboseiras que nos perguntam depois.

Ai apontam pro tênis. Aquele All Star surrado, com uns 10 anos de uso, cheio de silver tape e várias partidas de futebol no histórico “Esse tá bom, né?” É, tá bom pra te dar uma bela canelite! "Mas pra que gastar R$400 num tênis!” Justamente, pra minha corridinha de fim de semana um All Star está ótimo! EU sou uma besta!

Pronto! Desabafei! Só não venham me perguntar o que é correr a 5:10/km! Afinal, o sábado está chegando e preciso ir me alongando!

Araka!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

De volta aos 10km!

De volta as corridas. É nesse domingo participei da Maratona de São Paulo. Não, não fui louco de correr os 42km novamente, corri uma prova de 10km dentro da maratona. Foi muito legal para ver, rever uma maratona e corrida, agora dentro de São Paulo.

Adoro correr em lugares novos ou em novas corridas. Nada contra, mas provas na USP e na 23 eu realmente estou de saco cheio.

Minha última prova de 10km foi em julho de 2005, no então criado Circuito das Estações. Estava muito mau naquela época. Longe dos bons tempos e, a cada prova que fazia, meus tempos pioravam. Essa ai foi a gota d´água...57:30. Eu sei que pra muitos é um bom tempo, mas pensando que 1 ano e meio antes eu tinha feito 50:38.

Falando em corridas novas, vamos para algumas curiosidades sobre as famosas corridas

A São Silvestre começou logo depois que o visionário Casper Libero voltou de Paris, onde assistiu a uma corrida noturna. Entusiasmado com essa prova, ele quis fazer o mesmo aqui em São Paulo e, para ser algo mais grandioso ainda, escolheu a noite que tem mais atenção no ano, o dia 31 de dezembro. Fez os cálculos para que o primeiro colocado chegasse bem próximo da virada. Deu certo, e desde então, apesar das mudanças de percurso e horário, essa ainda continua sendo a principal prova de rua de nosso pais.

A maratona de São Paulo tem uma história muito curiosa. Ela começou em 1994, no mesmo ano em que, quem estava em Barra do Sahy, presenciou, entre um pastel e outro da Dona Benê, quando o jovem Doca, com seus 15 anos, magrinho, fininho saia para seus primeiros trotes nas areias. Nesse ano, Dr Paulo Maluf, prefeito da cidade, acabara de inaugurar uma série de túneis para a melhoraria do trânsito. Mas, ele acabou fazendo mais do que isso, visionário como Casper, ele viu que São Paulo não tinha uma grande Maratona, então ele aproveitou e ele promoveu a 1a Maratona de São Paulo. Essa corrida deu certo, ou pelo menos eu acho que deu, já que nesse ano completou 15 edições.

Voltamos a 2004 quando eu tive meu primeiro contato real com ela. Era a 10a edição. Planilha, treino longo de 14km. Falei com o Filippo, que sempre correu comigo, e nessa época estava bem mais forte em provas rápidas, e fomos fazer o longo dentro da Maratona. Largamos com todo mundo na frente do Obelisco. Fomos embalado com a multidão. Estava uma festa muito bonita, muita gente animada, bastante pessoas na largada, o clima estava muito bom. Passamos pelo noiva, vimos os são paulino, o indio e o home planta nos passou e passamos por vários Tiriricas, Falcões e Travecos. Ou seja, aquela festa de todas as corridas. Entramos nos túneis, caímos no Jóquei, cruzamos a ponte e, o noivo de novo? É ele roubou no percurso! Continuamos e logo chegamos nos nosso 15km no Parque Vila Lobos. Animados seguimos em frente, cruzamos a ponte, entramos na USP e paramos no 21km. Foi uma experiência muito legal, diferente. Até então uma das melhores provas que havia feito.

15 anos depois volto pra mesma prova. Agora de forma oficial. Porém vou pra lá encarar apenas os 10km. O que mais me atraiu nessa prova foi a mudança de percurso. No ano passado, o prefeito Kassab também aproveitou a inauguração da nova Ponte Estaiada e trocou largada. O que foi muito legal, essa ponte é bem diferente das “tábuas de concreto” que são todas as pontes da marginal. Logo essa ponte virou o novo cartão postal da cidade. Nossa última grande ponte era o viaduto Santa Ifigenia!

Bom, vamos voltar pra prova… larguei junto com o Filippo, o mesmo de 5 anos atrás.
Largamos com cartazes, mas ao invés do tradional “Marcos Paulo, eu tô na Globo” exibimos 2 desenhos feitos pelo Kramer especialmente para a prova. Fomos numa boa na subida, vendo todos aqueles fios, cabos, rio, a largada foi muito legal. A sensação de estar lá em cima da ponte já valeu muito a pena. Era tudo muito bonito, menos as coisas boiando no rio.

Caimos na marginal. O ritmo vai aumentando como o cheiro do rio. De repente, um corredor desmaiado no chão. Que susto, mas o pessoal do socorro já estava por lá. Caimos na JK e metade da prova entrou no túnel. Eles rumavam para os grandiosos 42.195 ou 25km, e o resto seguiu reto rumo ao Obelisco para terminar os honrosos 10km.

Entramos no outro túnel e na saída dele, que dureza,…. Muito íngreme! Imagino o pessoal lá nos 38 subindo isso tudo! Nessa hora, lá pro 7km eu me distanciei do Filippo. Depois ainda teve mais subida. A República do Líbano engana. E engana bem, aquilo ali é uma ladeira só! Mas logo depois já era possível ver a chegada e ainda tinha um fôlego extra pra um sprint.

Cruzada a linha, 53:19. Gostei do tempo. Gostei da prova. Adorei a medalha!
Saindo de lá fui pra gloriosa padaria Bienal para tomar um café reforçado e nos deparamos com jogo de futebol na TV. Trocaram a Maratona da cidade pelo Inter x Atalanta do já definido campeonato italiano. Fiquei puto! Pedi para trocarem de canal e quando vi, a padaria toda estava torcendo para o Frank Caldeira, mesmo sabendo que não tinha mais chances. Ver o final da prova comendo e já com o dever cumprido foi muito bom!

Só gostaria de terminar com um comentário que li em alguns blogs e também concordo. Eu acho um absurdo e uma falta de respeito quando eles falam na TV:”Seguem os profissionais na ponta da prova e os atletas de fim de semana no fundo”. Chamar a gente de “Atletas de fim de semana” é sacanagem!

Araka!